[14.9.06]
Uma cronica sem pretextos
Ca estou sentada,novamente,em frente ao mesmo pc. La fora o ceu eh escuro, o calor afoga as pessoas banhadas na "salsa noturna" de uma noite escaldante e latina. Escuto o chuveiro ligado. Alguem possivelmente estuda no quarto ao lado, e eu morro em meu tedio e, com minha preguica nata,escrevo palavras soltas. E entre essas palavras soltas muitos pensamentos se expressam.Estranho como sempre resolvo escrever quando meu animo nao eh um dos melhores. A felicidade nao me embriaga de doces palavras, nem de encantadores versos. A felicidade me deixa sobrea em relacao a vida. A felicidade nao me transporta ao mundo do poetico -nem do patetico-.Estranho...Mas quando sinto aquele vazio na alma, posso, entao, sentir a poesia escorrer entre meu sangue e inundar a minha alma,trazendo acalento a ela.Estranho.Talvez se nao fosse estranho nao seria, de forma alguma, poetica (nem patetica).
(...) O chuveiro continua ligado. Ja nem sei se eh a mesma pessoa quem toma banho. Mas tambem quem se importa? Certamente nao eh alguem que me traria a felicidade como presente de natal antecipado. E os bebados continuam a vagar pelas ruas,embebedando-se das estrelas robustas que so eles veem. E o meu tedio continua a persuadir-me de que estudar nao eh uma boa opcao agora.Enquanto isso, alguem ainda estuda no quarto ao lado. Calculo. Estudam. As horas passam lentamente. E aquele vazio de sempre comeca a embrulhar-me o estomago.As maos comecam a tremelicar...Os pes nao param quietos. Espio pela janela,somente a lua frondosa rouba a cena. Uma mulher passa seminua. E os bebados uivam um canto a Baco. Ou ao menos meus ouvidos despreocupados acham que Baco seria mais poetico do que um Funk da Tati Quebra Barraco. Checo o celular. Checo os emails. Checo. Ninguem ao menos lembra da minha pobre existencia. Alguem deve lembrar. Mas alguem eh vago demais pra preencher o perfil da ficha que eu busco. Relembro,relembro. Palavras soltas. Por que o vento sempre as leva? As pessoas prometem,e nao cumprem. As pessoas nos fazem esperar, e nao veem. As pessoas nos entornam calices de gentilezas, e terminam -quando ja estamos bebados- com caminhoes de pontapes e grosserias. Escrevo,escrevo,escrevo. Sobre o vazio que me consomo. Sobre as tiranias que destroem. Sobre os inescrupulosos que nascem a cada minuto, e enganam a cada segundo um pobre patetico amante qualquer. Escrevo sobre um deles. Um amante patetico que conheco muito bem. Escrevo para aquele que nao me trai,mas que se apaixona tolamente e que cre, arbitrariamente, em meias palavras. Escrevo sobre mim...engulo minhas magoas. Relembro minhas dores. Enquanto alguem se delicia em um banho. Enquanto eu afogo minhas torturas em palavras. Enquanto Baco se mistura a funks. Enquanto a mulher seminua, tambem, afoga suas torturas,de uma forma bem mais suntuosa e sonora que a minha chata e melodica melancolia. Talvez eu devesse colocar minhas lamurias no mesmo plano dela.Talvez eu devesse fazer um funk. Talvez minhas pseudo palavras formassem um verso. Talvez eu me expresasse. Quisera um mero verso de quimera arrebatar-me da incredula solidao.
-Drika Amaral
E a lua? Ainda rouba-me a cena.
por -drika amaral 9:46 PM
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